A invasão russa da Ucrânia, e o conflito que decorreu deste claro ato de agressão, desencadeou a mais grave crise de direitos humanos e de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A Amnistia Internacional e a Human Rights Watch têm documentado e denunciado graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, com ataques indiscriminados que tem claramente como alvos civis, execuções e violações, a destruição de infraestruturas essenciais, e o bloqueio da ajuda humanitária aos civis que precisam desesperadamente dela. Ataques a hospitais e escolas, recorrendo a cercos do tipo “rendição ou morrer à fome” a civis, a utilização de armas proibidas, tais como munições de fragmentação, e ataques a áreas residenciais utilizando armas de pouca precisão podem constituir crimes de guerra.

Sem acesso a água, gás, eletricidade ou alimentos, ou a cuidados médicos básicos, e expostas a ataques constantes, as pessoas que estão retidas em zonas de conflito intenso estão à beira de um desastre humanitário. Para além disso, também existem inúmeros relatos e indícios de detenções arbitrárias e ilegais de civis, e de deportações ou “desaparecimentos” forçados de pessoas, sobretudo nas regiões ocupadas pelas forças russas, segundo a HRW. Quando detidas, estas pessoas são muitas vezes alvo de tortura e de tratamento desumano, o que é proibido em todas as circunstâncias ao abrigo do direito internacional e, quando ligado a um conflito armado, constitui um crime de guerra e pode também constituir um crime contra a humanidade.