Sobre o Quénia
Situado na África Oriental, o Quénia é constituído por 39 milhões de habitantes. Cerca de 56% da população vive em situação de extrema pobreza, segundo o último relatório das Nações Unidas. Mais de 3 milhões de pessoas estão atualmente infetadas com HIV/SIDA, e já morreram cerca de 2 milhões de pessoas com doenças relacionadas com o HIV/SIDA, deixando mais de 1.5 milhões de crianças órfãs. A mortalidade infantil tem vindo a aumentar progressivamente desde os anos 90, bem como o número de crianças infetadas pelo HIV/SIDA.
Devido à recente vaga de violência pós-eleitoral no final de 2007, milhares de quenianos viram-se obrigados a deslocarem-se das suas zonas de residência devido à destruição das suas habitações. Segundo a agência noticiosa das Nações Unidas, o número de deslocados internos ultrapassa os 300 000, sendo a maioria oriunda da Província de Rift Valley e da capital, Nairobi – muitos deles de bairros de lata como o Kibera, Kware e Kitui Ndogo.
Nairobi, a capital do Quénia, tem cerca de 7 milhões de habitantes, sendo que mais de 4 milhões vivem em bairros de lata (os “slums”), nomeadamente em Kibera, o maior bairro de lata do Quénia com quase 1 milhão de habitantes, e um dos maiores do continente africano. Para além de Kibera, existem muitos outros bairros de lata em Nairobi, como Mathare, Mukuru, Majengo, mas que por não apresentarem números tão “chocantes”, e por vezes um pouco duvidosos (há quem afirme que Kibera tem 2,5 milhões de habitantes, o que é altamente improvável), são um pouco esquecidos e ignorados pelas organizações e instituições de ajuda humanitária e cooperação para o desenvolvimento.
Em 2012 – 2013, o Quénia atravessou uma das maiores secas dos últimos 60 anos. Segundo a ONU, tratou-se de uma crise humanitária sem precedentes, afetou mais de 10 milhões de pessoas, não só no Quénia mas também na Etiópia, no Uganda, e sobretudo na Somália onde foi oficialmente declarado o estado de fome em 2 regiões do pais.
Nessa altura, o Quénia recebeu uma média de 1000 refugiados por dia vindos da Somália e do Sudão, fugindo da fome, e que vieram engrossar os já superlotados bairros de lata de periferia de Nairobi.
Em consequência desta seca, os preços dos bens alimentares no Quénia começaram a aumentar drasticamente desde o início do ano de 2011. A farinha usada para cozinhar o “ugali”, o alimento mais consumido no Quénia, sofreu aumentos na ordem dos 50%, sendo que um pacote de 2kg que custava 100 Kenya Shillings (cerca de 1 Euro) em Dezembro de 2010, chegou a custar 150 KenyaShillings no inicio do ano de 2013.
Apesar da seca ter atingido sobretudo o Norte do país, esta crise também teve sérias consequências nas populações dos bairros de lata de Nairobi.
A agência noticiosa da ONU tem vindo a chamar à atenção para a pouca assistência dada às populações dos bairros de lata de Nairobi, onde a fome é já um grave problema. Os meios de comunicação e as grandes agências de ajuda humanitária têm-se concentrado nos campos de refugiados da Somália, mas não podemos esquecer que estas pessoas são igualmente, ou por vezes ainda mais, afetadas por este tipo de crises.
A ADDHU no Quénia
Em Outubro de 2007, a Presidente e Fundadora da ADDHU, Laura Vasconcellos, deslocou-se ao Quénia naquela que viria a ser a primeira de muitas outras missões a este país. Durante duas semanas pode conhecer a realidade que não consta dos itinerários dos famosos safaris e passeios turísticos deste país, uma realidade dura e cruel que lhe foi mostrada por uma pequena organização local que trabalha no campo dos Direitos Humanos e da Ajuda Humanitária, de onde partiu o pedido de auxilio feito à ADDHU.
Para estabelecer prioridades e traçar um plano de ação, Laura Vasconcellos visitou várias regiões no país e distribuiu cerca de 2000 pacotes de pensos higiénicos obtidos em ações de angariação nos supermercados Pingo Doce e também por doação da fábrica Renova, tendo estabelecido com esta empresa um protocolo de colaboração que se mantem até hoje.
A visita de Laura Vasconcellos começou pelos “slums” ou bairros de lata de Nairobi, designadamente Kibera, Kitui Ndogo – Majengo, Kamukunji, e Kware.
Na região de Kisii, uma região rural remota extremamente pobre, e muito afetada pela elevada incidência de Sida, foram visitadas aldeias situadas em zonas remotas e isoladas cujas carências das populações são inúmeras, entre elas a falta de água, centros de cuidados de saúde, escolas/orfanatos entre outras. Apesar de ser proibido pela lei queniana, cerca de 98% das raparigas da região de Kisii são submetidas à prática da mutilação genital feminina, o que, para além de uma grave violação dos direitos e da dignidade humana, constitui um sério perigo para a saúde destas crianças e jovens mulheres.
Foram assim estabelecidas as seguintes prioridades e áreas de intervenção:
- Providenciar alimentação, educação e cuidados de saúde às crianças dos bairros de lata de Nairobi, nomeadamente órfãos vítimas da Sida e crianças seropositivas, bem como crianças vitimas de abusos e crianças de rua;
- Envio de voluntários para as áreas em maior necessidade, como orfanatos, escolas e centros médicos;
- Realização de campanhas de prevenção e informação contra práticas culturais nefastas tais como mutilação genital feminina e de workshops e ações de sensibilização para os direitos das crianças;
- Providenciar, sobretudo às jovens das zonas mais carenciadas, produtos de higiene feminina, alertando também para a importância dos cuidados de higiene;
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